Um
tobogã para a Pampulha
Belo
Horizonte
MG – Brasil
2021
Poliestireno,
pvc, cimento e metal
Proposta para o Edital de arte promovido pela Real Mix 2021 - evento
virtual do Instituto Distrital de Artes – IDARTES, Bogotá – Colombia.
A escadaria que conecta as Avenidas Otacílio Negrão de Lima e a Avenida
Portugal, conhecida como o Escadão da Pampulha, para além de conectar ruas em
diferentes níveis, também conecta paisagens de um mesmo lugar, num movimento
contínuo de sobe e desce em direção às aguas da Pampulha. Localizada à beira da
lagoa, o escadão conecta-se de um certo modo à rota de um Complexo Arquitetônico,
cartão postal da cidade e Patrimônio Cultural da Humanidade (conforme decisão que
foi tomada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura - Unesco - em 2016). Entretanto, como tais reconhecimentos, como seu o
tombamento, podem ser reivindicado sem levar em consideração de forma direta a despoluição
de suas águas? Construída artificialmente em 1943, a lagoa foi construída para
abastecer a cidade, além de ter seu uso recreativo promovido pelas pessoas,
como na prática de esportes e até mesmo nado livre. A despoluição de suas águas
é compromisso assumido pelo município junto à Unesco para a manutenção do
título de Patrimônio Mundial da Humanidade do conjunto moderno da Pampulha. Utilizando
a escadaria como um lugar já construído e tomando seu desejo de permanência,
utilizo sua parte central, local aparentemente reservado para queda das águas
para seguir o curso natural de seu desenho e projetar um tobogã. Mesclando com
o complexo da forma e paisagem, o tobogã - este tubo- além de transformar e
marcar a queda entre os pontos, transforma-se numa escultura que de longe
pontua o desejo de conexão com a lagoa, que também afasta pela semelhança a um
encanamento industrial.
O projeto tenta resgatar desejos e ações políticas de uma natureza que
sofre descaso para implementação de ações antipoluentes. De longe, o tobogã
assemelha-se a uma grande tubulação, que parece emergir para sugar a água da
lagoa. Seria este o início da despoluição de suas águas? A poluição na lagoa
agrava-se cada ano que passa, e segundo os laudos de especialistas, o problema
só poderia ser resolvido quando sua causa for resolvida, dentre elas o
lançamento do esgoto “in natura” nos córregos de Contagem e BH. Não há como
despoluir as águas da Pampulha sem tratar seus tributários, pois ela é um lago
artificial.
Neste edital, gostaria de trazer para a plataforma 3D, estudos sobre
essa tubulação/tobogã, escultura que serve para pontuar questões urbanas de uso
da cidade, ambientais e escultóricas que estão diretamente ligadas à lagoa, à
paisagem e ao complexo tombado. Durante os dias de execução do trabalho,
gostaria de compartilhar estudos virtuais no campo das formas, cores, funções,
materiais. Discutir este projeto em âmbito aberto também é algo que é de interesse
do trabalho, uma vez que entendo que é um lugar sobretudo utilizado pelas
pessoas.
Como
este tipo de intervenção seria discutida caso compartilhada em âmbito público? Uma
vez que a paisagem da Pampulha é reconhecida e tombada, seria o tobogã um objeto
proibido em contraste com o complexo arquitetônico modernista (em processo de
restauro) tão bem preservado da região?